27 de novembro de 2014
JUSTIÇA E CALDOS DE GALINHA. Há demasiadas razões para desconfiar do funcionamento da justiça, tantas foram as falhas já demonstradas, tantas as vezes que se mostrou incapaz de fazer o que lhe compete. É triste dizê-lo, mas a justiça chegou a um ponto em que é culpada até prova em contrário, ao invés dos arguidos, que são — e bem — inocentes até prova em contrário. Será um exagero, porventura uma injustiça, mas parece-me ser esta a imagem que os cidadãos medianamente informados têm dela face aos desastres de que tem sido protagonista. Não digo que o caso José Sócrates seja mais um, mas o aparato mediático que rodeou a sua detenção (presenciada pelos media do costume), e as habituais fugas de informação (sobre as quais a Procuradoria-Geral da República anunciou um inquérito para apurar a origem e que vai dar em nada), não augura nada de bom. Por mim, confesso que não sei o que mais temer: se um ex-governante cometer os crimes de que a justiça suspeita, se uma justiça que me deixa permanentemente na dúvida.