7 de abril de 2015
POST PATROCINADO PELA JOHNSON & JOHNSON. Estava o meu estômago posto em sossego após digerir arrobas de encómios a propósito da morte de Herberto Helder, eis que outra se anuncia, a de Manoel de Oliveira, pelos vistos um cineasta amado pelos portugueses de Faro a Melgaço, de Díli a Newark. Quantos portugueses terão visto os filmes de Manoel de Oliveira? Quantos, vá lá, terão visto um terço dos filmes que ele fez? Eu cá só vi dois (Amor de Perdição e outro de que já não me lembro). Mas, atenção, não me gabo disso. Limito-me a constatar uma evidência, no caso a ignorância da sua obra, de que também não me orgulho. A avaliar pelo vi, não deve haver um só português que não tenha visto, pelo menos, uma dúzia de filmes de Oliveira, especialmente os derradeiros (os menos convencionais, digamos assim, que o tornaram uma lenda ainda em vida). Como é evidente, a mentira é maior que a mais extensa longa-metragem de Oliveira, e deve-se aos meios ditos culturais, que não satisfeitos em se derreterem em loas mal ele se foi, inventaram o embuste. Conhecia mal Oliveira, mas desconfio que o cineasta não apreciaria malabarismos destes. E se há coisas a que jamais me habituarei é à hipocrisia, que em doses exageradas (foi o caso) me põe o estômago em alvoroço. Se em circunstâncias normais já dependo dos antiácidos, imaginem com fitas destas.