4 de dezembro de 2015
CORREIO DA MANHA. Como é do conhecimento geral, o Correio da Manhã (e outros meios da Cofina, mas sobretudo o Correio da Manhã) tem dado largo espaço ao «caso José Sócrates» — antes de ter sido preso, quando esteve preso, e depois de ter sido libertado. Diz que é seu dever informar e esclarecer a opinião pública, que os leitores têm o direito de saber a verdade. Ora, tanto tempo e tantas manchetes depois de Sócrates ter sido constituído arguido por suspeitas várias, por que não sabemos quase nada? Para quem garante ter vindo a publicar matéria de crucial importância para os leitores perceberem o caso, a ponto de alguns dos seus jornalistas se constituírem assistentes no processo para melhor poderem informar-nos, convenhamos que é pouco. Sei que não é popular defender Sócrates, que ataquei em várias ocasiões quando foi primeiro-ministro — e está, até ver, muito bem defendido. Mas incomoda-me o vale tudo para se crucificar quem não se gosta, e irrita-me que um certo tipo de jornalismo (para não lhe chamar outra coisa) invoque o que diz ser a liberdade de imprensa para fazer linchamentos mediáticos.