15 de janeiro de 2016
LUZ EM TEMPO DE TREVAS. Quatro da manhã num aeroporto deserto, primeiro dia de 2016. Retomo as aventuras de Bandini (Sonhos de Bunker Hill, Alfaguara), e avanço uma dúzia de páginas sempre com um sorriso — apesar de a ocasião não me estar de feição para sorrisos. A Primavera Há-de Chegar, Bandini (Ahab), A Estrada para Los Angeles (Alfaguara), e Pergunta ao Pó (Ahab), que também li com prazer, completam o que viria a designar-se O Quarteto Bandini. Para quem não sabe, Bandini é uma espécie de alter ego de John Fante, que por sua vez inspirou o alter ego de Bukowski (Henry Chinaski) — e foi, como outros autores (Mann, Kafka, Zweig, Hemingway), muito inspirado por Hamsun, escritor norueguês até há pouco injustamente votado ao ostracismo por ter simpatizado com uma causa errada (o nazismo). Fante não é um nome incontornável da literatura norte-americana, muito menos americana, e ainda menos universal. Mas é um escritor que ainda hoje, mais de três décadas após a sua morte, nos diz infinitamente mais que alguns que o tentaram imitar ou lhes serviu de inspiração — e quase todos os que hoje andam para aí a somar prémios e palmadinhas nas costas cujo pudor me impede de nomear.