5 de abril de 2016
QUEM TEM MEDO DA BANCA ESPANHOLA? Deus saberá (sou agnóstico) como me esforço para perceber os inúmeros esquemas de sacar dinheiro aos bancos (ao que parece uma actividade muito praticada em Portugal) sem que lhes sejam apresentadas garantias em caso de incumprimento, mas os esquemas são de tal modo intrincados (e tão mal explicados, mesmo pelos melhores jornalistas da área) que a maior parte das vezes só consigo saber que houve aldrabice, mas não exactamente porquê. Mas quando se diz que houve bancos que emprestaram dinheiro para investir em acções tendo as ditas como garantia, qualquer um percebe que se chegou ao puro delírio. (Dizem-me que, em troca de subornos, administradores houve que emprestaram quantias astronómicas sem quaisquer garantias, o que talvez explique, em parte, o problema.) Não acredito no alarmismo do Banco da Escócia, que ainda há pouco aconselhou os depositantes a tirar o dinheiro dos bancos — tão-pouco no Goldman Sachs, que logo veio desvalorizar o conselho. Mas como ignorar os problemas com os bancos que têm surgido um pouco por todo o lado, e que as soluções para os resolver continuem no domínio da astrologia? Fala-se agora, com a venda do Banif ao Santander (mas não só), do «perigo espanhol». Até o Presidente da República manifestou preocupação, não sei se genuína, se circunstancial. Honestamente, o «perigo espanhol» (antes o «perigo espanhol» que o perigo angolano, já agora) não me incomoda. Pelo contrário: sinto que o meu dinheiro estaria mais seguro nas mãos da banca espanhola que às ordens dos trampolineiros e seus cúmplices (leia-se supervisores) que têm administrado a banca nos últimos anos.