16 de junho de 2018
É SÓ FUMAÇA. Como, por lapso, reportou uma jornalista da Fox, Singapura foi palco de um encontro entre dois ditadores. Foi um lapso compreensível. Afinal, houve um ditador de facto, e outro que gostaria de sê-lo. Tirando a photo opportunity para mostrar aos netos e o facto de o ditador norte-coreano ter feito sentar à mesa o todo-poderoso presidente americano (um feito que, por si só, constitui uma notável vitória), nada mais saiu dali. Tudo o que houve resume-se a um documento de intenções — os americanos comprometeram-se a apoiar a segurança da Coreia do Norte (ninguém sabe como) e acabar com os jogos de guerra (que não vão, obviamente, cumprir), e os norte-coreanos terão prometido desmantelar o arsenal nuclear (que também não vão cumprir). Quem acredita que o lunático dos foguetes vai abrir mão do poder nuclear? Quem acredita que os americanos vão aliviar as sanções à Coreia do Norte? Dir-me-ão que, mesmo saindo de mãos a abanar, o encontro foi, para os americanos, melhor que nada. Possivelmente. Mas para o regime de Pyongyang, parece não haver dúvidas de que foi um tremendo sucesso, como costuma dizer o imbecil que mora na Casa Branca sempre que se gaba do que faz e do que não faz. Valha-nos que a expectativa para a cimeira de Singapura era quase nula. E quando assim é, qualquer coisa de que lá saia de positivo — ou que passe por positivo — é lucro, como disse o «nosso» Guterres, comandante de uma agremiação que hoje, face aos grandes conflitos, pouco mais faz do que contabilizar os mortos.