21 de agosto de 2019
A GRANDE ILUSÃO. Divido os actuais apoiantes de Trump em quatro grupos distintos: os ingénuos, os mal-informados, os republicanos que acham que mais vale um republicano mau que um democrático bom, e os mentirosos (nalguns casos acumulam). Notem que digo actuais apoiantes, não quem votou nele, que alguns terão mudado de ideias. Quem se revê no Trump racista e supremacista branco? Não duvido que muitos dos seus apoiantes, antigos e actuais, embora não tenham coragem de o dizer. Trump, aliás, tem dito o que tem dito porque sabe que é isso que grande parte quer ouvir, e com certeza que está a contar com eles para a reeleição. É um caminho perigoso, mas Trump já demonstrou que está disposto a trilhar o mais perigoso dos caminhos se isso o salvar da derrota em 2020 e das contas a ajustar com a justiça. E quem se revê nas constantes mentiras, nos mais reles insultos? Acho que todos os ingénuos (poucos), os mal-informados (a grande maioria), os republicanos de que falei, e os mentirosos. Os primeiros porque acreditam no menino Jesus, os segundos porque não sabem como informar-se (ou só lhes interessa o que lhes convier), os restantes porque discordam dos factos (como se fosse possível discordar dos factos) e não hesitam em usar a mentira e a calúnia contra os adversários, a quem acusam de ser inimigos da América e idiotices do género. É um facto que o sistema de freios e contrapesos tem resistido, mas a corrosão é por demais evidente — e por este caminho não tardará que comece a desmoronar-se. Não é só a democracia que está em causa, embora isso já seria bastante. É a civilização como a conhecemos, onde as virtudes compensam largamente os defeitos — e que esta gente, usufruindo dela, vai fazendo o possível para destruir, de forma consciente ou não, em nome de alternativas piores.