7 de maio de 2020
AI BRASIL. Quem acompanha, mesmo que por alto, o que politicamente se passa nos EUA e no Brasil, chega a ser reconfortante ver o que se passa nos EUA, por comparação com o Brasil um país a funcionar normalmente. Apesar dos malabarismos de Bolsonaro serem em tudo parecidos com os de Trump, a realidade no terreno mostra que se é preocupante nos EUA é aterradora no Brasil. Não só por causa do modo criminoso como ambos estão a lidar com o coronavírus, mas porque o presidente brasileiro chega a participar numa manifestação onde se pede a dissolução do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, e como não fosse bastante o regresso dos militares ao poder. Tudo porque o clã Bolsonaro (o Presidente e os filhos Carlos e Eduardo, respectivamente vereador e deputado) é alvo de toda a espécie de suspeitas, incluindo de crimes de sangue, cujo desfecho se adivinha explosivo. À hora a que escrevo, o ex-ministro da Justiça, demissionário por discordar do afastamento do director-geral da Polícia Federal, alegadamente por se recusar a pôr o Presidente ao corrente das investigações que envolvem os filhos e aliados (e já substituído por um amigo da família), depõe na Polícia Federal sobre o caso, de que diz ter provas. A ser verdade o que diz o ex-ministro Sergio Moro, e a confirmarem-se as suspeitas de que o clã Bolsonaro é suspeito, o Brasil caminha para um no impeachment ou pior. O ministro da Defesa fez saber, nos últimos dias, que as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia, ao lado da lei, da ordem e da liberdade. Como suspeito que o aviso foi mais para dentro que para fora, tenho dúvidas.