22 de fevereiro de 2021
SALVADORES DA PÁTRIA. André Ventura é uma espécie de Trump dos pequeninos. Veio agitar o que estava calmo, despertar o que estava adormecido, criar problemas que não existiam (ou estavam adormecidos, controlados, resolvidos). Como o ex-presidente americano, Ventura está-se nas tintas para os problemas que dizem incomodá-lo, e ainda mais para quem os tem realmente. Encontrou nessa gente o seu nicho de mercado, e como bom oportunista que é, vai usá-los até onde lhe for útil. Exactamente como Trump usou, e que por esse motivo chegou ao poder e por pouco não ficou lá para sempre. O ex-presidente americano devia, aliás, servir de aviso a quem toma estes sujeitos como salvadores da pátria. Porque eles não só não salvam a pátria como ainda a afundam mais. Os americanos pagam caro o legado de Trump — a desvalorização criminosa do vírus da covid, a promoção constante do ódio ao outro, a tentativa de destruir o jornalismo que não agrada, a mentira institucional a níveis impensáveis. Isto para não falar do golpe destinado a anular a eleição que perdeu de modo inequívoco, que os salvadores da pátria são capazes de tudo para se perpetuarem no poder. Em nome dos altos desígnios da pátria, como se calcula.