17 de dezembro de 2003
Ainda o Natal é uma criança e já fui obrigado a engolir dezenas de "Jingle Bells". É sempre assim todos os anos: música de Natal a toda a hora e por todo o lado, e eu não consigo fazer de conta que já é a décima vez que estou a ouvir a mesma música. Como já não bastasse este verdadeiro pesadelo, fui obrigado a assistir, na RTP Internacional, ao Natal dos Hospitais, uma verdadeira mistura de cantigas e de hipocrisia apresentada por peritos em lugares-comuns e conversas de treta. Pois é, o famoso espírito natalício — uma mistura de condescendência com doses cavalares de hipocrisia — está a deixar-me num estado miserável. E já não falo das prendas, que nesta altura do ano se dão e se recebem como se fossem uma fatalidade e nos tranquilizam as consciências o resto do ano. Sim, eu gosto do Natal. Palavra de honra que gosto do Natal. Porque o Natal me faz lembrar os natais da minha infância, quando o Natal era verdadeiro.