2 de abril de 2004
Ia-me comovendo quando Miguel Sousa Tavares ameaçou com os factos — «esse malfadado pormenor dos factos» — para sustentar a tese de que a intervenção militar no Iraque se tornou num «factor de multiplicação e disseminação do terrorismo». Mas ficou-se pela ameaça, e lá avançou com as suposições do costume como se de factos se tratasse. Aliás, isto dos factos cada vez me chateia mais. Será demasiado pedir aos jornalistas que separem os factos da opinião? Parece elementar, mas não é. Nos tempos que correm — guerra do Iraque, processo Casa Pia, etc. — não há jornalista que resista a meter a colherada. Nada a opor caso separem uma coisa da outra, mas tudo a opor quando misturam as duas coisas e, depois, as tentam (e conseguem) fazer passar como se de meros factos se tratasse. E o pior é que ninguém denuncia a situação. Bem pelo contrário: parece a coisa mais natural do mundo.