20 de julho de 2004

Parece que um conselheiro de segurança do presidente Clinton terá desviado documentos secretos que deveriam ser apresentados à comissão que investiga o 11 de Setembro. Repito: parece, porque a investigação continua. «Devolvi tudo o que tinha, à excepção de alguns documentos que deitei fora acidentalmente», disse Sandy Berger, admitindo que o fez «inadvertidamente». Reparem no «acidentalmente» e no «inadvertidamente». É que entre os documentos que foram deitados fora «acidentalmente» e «inadvertidamente» constam rascunhos de um relatório sobre a forma como a administração Clinton lidou com as ameaças feitas pela Al-Qaeda aquando das celebrações do Milénio, em Dezembro de 1999. Coisas sem importância, portanto, a ponto de se deitaram fora «acidentalmente» ou «inadvertidamente». Como também não terá importância o facto de Sandy Berger ser um dos conselheiros de John Kerry, candidato democrata às eleições presidenciais de Novembro. Pensarão que eu vejo esta notícia com grande regozijo. Não é verdade. E não é verdade por uma razão muito simples: estou farto de saber que a mentira não é exclusivo de uma das partes, apesar de nos quererem fazer crer que assim é. Curiosamente, ou talvez não, horas depois desta notícia estar em todo o lado, na BBC e no portal Terra nem sombra dela. Assim vai a imprensa «independente».