10 de dezembro de 2004
Após quase duas semanas de especulação, eis que chegou o dia em que o Presidente Sampaio explicou aos portugueses por que razão vai dissolver o Parlamento. E que argumentos usou o Presidente Sampaio para explicar a decisão que tomou? Em primeiro lugar, devido a uma «sucessão de episódios que ensombraram decisivamente a credibilidade do Governo e a capacidade de enfrentar a crise que o país vive», de que se absteve de concretizar por considerar que são do conhecimento de todos. Depois, porque o Governo tem uma «grave crise de credibilidade», esquecendo-se de especificar junto de quem e por que razões. Como seria de prever, o Presidente não fundamentou a decisão que tomou com um único dado concreto. Limitou-se a falar em abstracto de um conjunto de episódios, furtando-se à explicação dos factos que criaram tais episódios com o extraordinário argumento de que toda a gente os conhece. Pior: admitiu, e aqui com abundância de pormenores, que o Governo tem poderes políticos limitados, e que se encontra numa posição pior do que dantes. Assim sendo, há uma primeira conclusão a tirar das palavras do Presidente Sampaio: passamos de uma situação supostamente má para uma situação claramente pior.