25 de maio de 2005
Seis vírgula oitenta e três por cento o valor do défice, anunciou o governador do Banco de Portugal. A culpa é do PSD, dizem os socialistas. A culpa é do PS, dizem os sociais-democratas. Como se até para os cidadãos mais distraídos não fosse evidente que a culpa é dos dois, pois quem tem governado o País? Mas isto pouco importa para o caso em apreço. O que importa são as medidas que o Governo acabou de tomar para combater o défice. E as medidas — subir os impostos e aumentar o preço dos combustíveis, nomeadamente — vão contra as promessas eleitorais, lembram-se? Sim, eu também já ouvi dizer que se desconhecia a real dimensão do problema, mas também me lembro de ouvir dizer aos socialistas, durante a campanha eleitoral, que a situação era catastrófica. De maneira que os novos senhores do poder sabiam perfeitamente no que se meteram, que as contas não eram famosas, que era inevitável aumentar os impostos e tomar medidas afins. Como, aliás, o próprio ministro das Finanças deste Governo foi avisando ainda antes de tomar posse, embora o tenham prontamente calado. Assim sendo, estamos perante mais um caso típico de política à portuguesa: promete-se uma coisa em campanha eleitoral, faz-se o contrário uma vez no Governo. Dêem-lhe as voltas que quiserem que isto só tem um nome: aldrabice.