30 de novembro de 2005

Sim, eu vi a entrevista de Mário Soares à RTP. Vi como Soares tentou impor as regras (e, de certa maneira, conseguiu), alegando que 30 minutos de entrevista era pouco tempo para estar a desperdiçá-lo com assuntos como o caso Manuel Alegre. Vi como se apresentou como o D. Sebastião, lembrando aos incautos que só avançou para as Presidenciais porque o país está numa enorme crise. Vi como se demarcou sem cerimónias do partido que o apoia e de que ainda há pouco foi número um, sublinhando que é um candidato independente. Vi como fugiu à questão da substituição do Procurador-Geral da República, embrulhando-se em subterfúgios que não convenceram ninguém. Vi que chamou provincianos aos que o acusaram de defender o diálogo com os terroristas, nomeadamente os terroristas da Al-Qaeda. Vi, finalmente, que é contra a globalização, apesar de ter dito que era a favor. Como Cavaco Silva, a quem acusa de não querer pronunciar-se sobre não sei que matérias, também Mário Soares só está interessado em falar sobre o que lhe interessa, não hesitando em desvalorizar o que lhe é incómodo. Quanto a Judite de Sousa, que ontem critiquei por causa da entrevista a Manuel Alegre, voltou a estar mal, desta vez por culpa do entrevistado. Mário Soares conduziu a conversa como quis e para onde quis.