9 de janeiro de 2006
No começo da campanha eleitoral para as Presidenciais — sim, a gente pensava que a coisa estava a acabar mas a lei diz que só agora começou — José Sócrates apelou ao voto em Mário Soares «em nome da estabilidade política». António Costa considera indesejável a eleição de um Presidente da República que «se queira substituir» ao primeiro-ministro. Curiosamente, ou talvez não, Mário Soares nada disse. A partir de agora, o candidato do PS só fala com os jornalistas através do assessor de imprensa. Não, não é de black-out que se trata, mas de uma medida destinada a «disciplinar os contactos com os jornalistas». É o tudo por tudo nas hostes socialistas, que procuram evitar a todo o custo um resultado que se adivinha desastroso para Mário Soares e para o PS. Desastroso face a Cavaco Silva, vergonhoso caso tenha menos votos que Manuel Alegre. Sim, porque a derrota de Mário Soares já não se discute, e tudo leva a crer que será uma derrota estrondosa. Até Vasco Pulido Valente, apoiante de Mário Soares, já admitiu a derrota do candidato do PS, e ele não costuma enganar-se nestas coisas. Já o argumento de que Mário Soares perde por ser velho (a «sociedade em que vivemos não gosta de velhos», disse ele no último sábado), parece-me fracote.