27 de outubro de 2006
«Contam-se pelos dedos de uma mão só as pessoas que têm acesso à comunicação social de primeira linha e que falam os mecanismos de controlo e manipulação da comunicação social pelo governo socialista», diz Pacheco Pereira na última Sábado. E acrescenta: «É uma matéria tabu, que suscita logo um ambiente de grande hostilidade, com exigências probatórias imediatas.» Não sei se Pacheco Pereira tem razão no que diz, mas não me surpreenderia que tivesse. Mas já tenho dúvidas de que acusações deste teor atinjam os resultados que pretendem, ou que resultem em algo de concreto. Antes de mais, desde quando um governo não foi acusado de controlar (ou manipular) a comunicação social? Que me lembre, todos foram acusados desse procedimento, certamente que uns por mais razões do que outros, sem que daí resultassem as consequências que se esperaria. Pior: nunca, que me lembre, se provou coisa nenhuma. Claro que estas coisas são muito difíceis de provar, razão pela qual há que redobrar as cautelas quando se fazem afirmações destas. É que afirmações destas são de tal modo recorrentes que duvido que alguém lhe dê importância, e ainda mais inócuas se tornam quando são proferidas por quem é conotado com a oposição, como é o caso de Pacheco Pereira. E, como Pacheco Pereira muito bem sabe, não ligar a este tipo de acusações é capaz de ser pior que as circunstâncias que as motivaram, porque isso abre caminho a que se faça ainda pior.