8 de dezembro de 2007
A avaliar pelo relatório de uma Organização Não Governamental, estamos muitíssimo bem cotados no ranking da corrupção. Dois por cento dos portugueses inquiridos admitiram ter pago subornos para obter um serviço, diz o estudo da Transparency International. Não pondo em causa o rigor da investigação, devo dizer que dois por cento me parece pouco. É que basta olhar à nossa volta para se constatar que a realidade ultrapassa — e muito — esse número, e não me parece que a realidade que me rodeia seja diferente dos outros lados. Além disso, falamos de quê quando falamos de subornos? Do fulano altamente colocado a quem passamos um cheque com uma quantia pré-determinada? Do funcionário a quem mandamos um presunto lá a casa por nos ter resolvido um assunto complicado? Da conta do senhor doutor na mesa lá ao fundo? Ou das palmadas nas costas ao amigo ou conhecido antes de lhe pedirmos um favor? É bom sabermos do que falamos quando falamos de subornos. É que, se falamos de suborno em todas as suas variantes, quem nunca subornou que atire a primeira pedra.