11 de dezembro de 2007
«Não beba o rótulo, beba o vinho», recomenda Mike Steinberger na Slate. Isto, diz ele, porque até os mais reputados enófilos têm dificuldade em não ser influenciados pelo rótulo quando o rótulo impõe respeito, e já Eça dizia que «é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do vinho» (crónica O Salão, incluída no volume Ecos de Paris). Ora, este saudável princípio devia aplicar-se a tudo em geral, e às artes em particular. Imaginemos os filmes a serem vistos sem se conhecerem os realizadores, a pintura a ser apreciada sem se conhecerem os seus autores, e a música a ser ouvida sem nada se saber da sua proveniência. Imaginemos, agora, as conclusões a que se chegaria, bem como os argumentos para as fundamentar. Havia de ser bonito.