16 de janeiro de 2008
Farto de resmungar sem que o ouçam, Alberto João Jardim resolveu dizer que o seu lugar será «ao lado do povo madeirense» caso «o povo madeirense um dia quiser a independência». Claro que isto não significa que Jardim queira a independência, como não se cansa de dizer, e até está sempre a lembrar que foi dos que travou devaneios independentistas. O presidente da Madeira pretende, apenas, dizer que está pronto para essa eventualidade, naturalmente caso o bom povo madeirense assim o deseje. Isto, claro, falando do que parece. Falando do que é, quem acredita na novela da independência? Evidentemente que ninguém, a começar pelos madeirenses, que sobre o assunto nunca foram ouvidos ou achados — nem se lhes conhece a mais leve vontade de se tornarem independentes. Trata-se, apenas, da rotineira chantagem do líder madeirense, que nunca olhou a meios para atingir o que pretende. O problema é que a questão da independência da Madeira pode, a prazo, tornar-se realmente um problema, isto partindo do princípio que o assunto seria um problema. É que isto de andar a agitar a bandeira do separatismo por dá cá aquela palha pode acabar por criar uma real vontade de separatismo, pelo que o aviso de Alberto João Jardim, do género «não digam que não avisei», não cola. Aliás, a verificar-se um cenário de independência, Alberto João Jardim não será visto como o bombeiro que sempre nos quis fazer crer, mas como o seu primeiro instigador.