13 de janeiro de 2009
UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA. O Daniel Oliveira começou desta maneira a sua crónica no último Expresso: «De 2001 até ao começo desta incursão punitiva em Gaza, morreram, vítimas dos rockets do Hamas, 23 israelitas. No mesmo período foram mortos pelos israelitas mais de 2000 civis palestinos de Gaza. Esta contabilidade macabra não diz quem tem razão neste conflito. Mostra apenas a razão porque [sic] a paz tem sido impossível no Médio Oriente. A assimetria de força militar e política é, pelo menos desde 1973, absoluta.» Como se vê, o Daniel admite que a desproporção de mortos não diz quem tem razão, uma evidência que, vinda de quem vem, me surpreendeu. Mas, depois, retomou a «normalidade». E a «normalidade», para ele, é dizer que a paz tem sido impossível devido à desproporção de meios militares, como se o argumento não fosse tão falacioso como seria dizer-se que a desproporção de mortes demonstra quem tem razão. Isto de ter ideias e não ter argumentos para as sustentar é uma chatice.