27 de março de 2009
REPÚBLICA PORTUGUESA DA VENEZUELA. É normal encerrar-se uma linha férrea sem que os utentes sejam previamente avisados? A julgar por aquilo que se viu, parece que é normal. Mas a razão invocada pela secretária de Estado dos Transportes (um relatório tê-la-á alertado para um problema de segurança nas linhas do Corgo e do Tâmega) não me convence. Pior: chega a parecer-me uma provocação. Se é verdade que foram encerradas por causa de um relatório (conhecido na última terça), como se explica a existência, no dia seguinte, de um plano alternativo a funcionar em pleno de molde a colmatar a ausência dos comboios? Como é evidente, a história não está bem contada. As coisas levam o seu tempo a fazer-se, e não se responde de um dia para o outro a uma situação como aquela que terá apontado o relatório. Como não há milagres, torna-se claro que tudo isto foi cozinhado há largo tempo e às escondidas das populações servidas por aquelas ferrovias, naturalmente procurando evitar-se protestos sempre desagradáveis. Estranho, por isso, que praticamente ninguém se indignasse com o que me parece um precedente que pode sair-nos caro. Imagine-se que o Governo decide, à socapa, encerrar, de um dia para o outro, a auto-estrada que liga o Porto a Lisboa, e que os utentes tomam conhecimento da medida no próprio dia em que a decisão entrou em vigor e descobrem, como não bastasse, que houve um reforço de comboios e autocarros entre as duas localidades, isto é, a existência de um plano alternativo. Não estaríamos agora a dizer que nem um país do terceiro mundo se atreveria a tanto?