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29 de setembro de 2009
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28 de setembro de 2009
PERDER DUAS VEZES. É costume dizer-se que não é a Oposição que ganha as eleições, mas o Governo que as perde. Isto, claro, quando a Oposição ganha as eleições. Como não foi o caso, poder-se-á argumentar que a Oposição, no caso o PSD, perdeu duas vezes? Seguindo o raciocínio inicial, é o que se impõe dizer após a vitória de Sócrates, especialmente depois de se saber que o líder socialista foi atacado por tudo e por todos, incluindo o presidente da República. Já se sabia que vale tudo em política, mas desconfio que o vale tudo compense.
BOAS E MÁS NOTÍCIAS. Como disse há dois posts, decidi, pela primeira vez, não votar nas legislativas, razão pela qual me foi relativamente indiferente o resultado das eleições de domingo. Mas não posso deixar de salientar o que para mim constituiu uma boa e uma má notícias: o PS perdeu a maioria absoluta (a boa notícia), e o Bloco quase duplicou a votação. Posso estar enganado, mas estou convencido de que a maioria (repito: a maioria) dos votantes do Bloco fizeram-no por mero protesto, por considerarem o Bloco um partido diferente ou anti-sistema, embora pouco ou nada conheçam dos princípios que o move. Vão sendo horas, portanto, de demonstrar quem é o Bloco e o que pretende.
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KANDINSKY. Imperdível a retrospectiva de Kandinsky no Guggenheim de Nova Iorque (até meados de Janeiro de 2010). Mais de cem trabalhos de várias proveniências que valem uma visita, a que se junta o próprio edifício (de Frank Lloyd Wright) a quem o visita pela primeira vez.
O quadro que ilustra este post (Feeling for Big Mountains) não integra a exposição do Guggenheim.
25 de setembro de 2009
ENCOMENDAS. Que atire a primeira pedra quem nunca errou, de forma consciente ou não, forçado ou por vontade própria. Mas o caso das alegadas escutas a Belém divulgado pelo Público é demasiado grave para que a discussão se centre em questões de pormenor — como, por exemplo, se o DN agiu correctamente ao divulgar o e-mail trocado entre dois jornalistas do Público, ou se houve, ou não, violação de correspondência por parte do DN. O que o DN noticiou é demasiado grave para se calar, e isto é que é o essencial. O resto, e o resto inclui a forma como o DN teve acesso ao e-mail, são detalhes. Detalhes porventura importantes, mas detalhes.
FENÓMENOS LITERÁRIOS. Li as primeiras páginas de 2666, do chileno Roberto Bolaño, alternadamente em espanhol e inglês, e decidi que vou esperar pela tradução portuguesa (da Quetzal, nas livrarias a partir de hoje). Li, também em inglês, as primeiras páginas de The Girl with the Dragon Tattoo (em português Os Homens Que Odeiam as Mulheres), do sueco Stieg Larsson, e também resolvi adquirir a tradução portuguesa de toda a série Millennium. Não sei se estou diante os acontecimentos literários que os media garantem, mas o que já li deixou-me água na boca, e são cada vez menos os livros que me deixam água na boca.
10 de setembro de 2009
8 de setembro de 2009
HIPOCRISIA (2). Não há, segundo Manuela Ferreira Leite, «asfixia democrática» na Madeira, mas sim no continente. O que há na Madeira, diz ela, é um governo eleito pelo «povo», por acaso um exemplo de um bom Governo do PSD. Também Alberto João Jardim afinou pelo mesmo diapasão: Portugal vive «uma democracia limitada», e não será preciso dizer que ele não inclui a Madeira no Portugal de que fala. Como diria o outro, estão bem uns para os outros.
HIPOCRISIA (1). Como diariamente se constata, vale tudo em política, incluindo tirar olhos. Mas cada vez me custa mais aceitar a hipocrisia a propósito do «caso Manuela Moura Guedes», sobretudo quando ela é praticada por pessoas que admiro, e que noutros cenários arrasariam Manuela em vez de lhe elogiarem a «independência» e a «coragem».
TRAVESTIS. Manuela Moura Guedes insinuou que o jornalismo «travestido» de que Sócrates a acusou de praticar é uma expressão apenas usada «em certos contextos», deixando no ar a suspeita que todos estão a pensar. Depois gaba-se de ser «mais séria» que os colegas de profissão, que considera uma horda de «cobardes», e por quem diz não ter «grande apreço». De facto, a insinuação de Manuela sobre o primeiro-ministro é um bom exemplo de «seriedade» e «coragem».
7 de setembro de 2009
PROFESSORES. A ministra Lurdes Rodrigues deixou de ter condições para se manter à frente do Ministério da Educação a partir do momento em que admitiu que o projecto de avaliação de professores, pelo qual tanto se bateu, poderia ser revisto. Admitir, agora, por razões eleitorais, que houve um problema de comunicação entre o Governo e os professores, que promete corrigir na próxima legislatura, chega a ser caricato. Infelizmente para o país, os professores do ensino público levaram, de novo, a palma ao Governo. Digo infelizmente porque as questões do ensino nas escolas públicas se resumem, em Portugal, à questão dos professores, ao bem-estar dos professores, à carreira dos professores, aos humores dos professores. Sim, eles dizem que querem ser avaliados. Só que estão contra todos os modelos que lhes põem à frente, e não apresentam alternativa. (Já agora, alguém percebe a oportunidade da manifestação marcada para uma semana antes das eleições?)
4 de setembro de 2009
TVI (6). Já disse e repeti o que penso do «jornalismo» de Manuela Moura Guedes, e não é agora, em plena refrega, que mudo de opinião. Os juízos de valor e as insinuações que por lá se praticavam, que alguns designam por jornalismo «sério» e «corajoso», não me deixam saudades. É que eu não acho que determinado modelo é bom quando me dá jeito, e é mau quando não dá. Os princípios, para mim, não variam consoante as circunstâncias, e é de princípios que falo. (Ler, a propósito, a crónica de Ferreira Fernandes no DN de hoje.)
TVI (4). Vejam lá se conseguem ler sem se rirem o que disse José Eduardo Moniz ao Correio da Manhã: «E agora quem nos dá as notícias?»
3 de setembro de 2009
TVI (3). Politicamente falando, quem ganha com o «caso TVI»? José Sócrates? O PS? Qual das seguintes hipóteses será a pior? Acabar com o que nos incomoda, ou ficar com a fama de acabar com o que nos incomoda? Isto devia, na minha opinião, servir para esfriar os ânimos. É que o episódio da TVI causou, ao PS e a quem nele manda, mais prejuízo que lucro. E Sócrates pode ser tudo, mas estúpido é que ele não é.
TVI (2). Há uma peça «com dados novos» sobre o «caso Freeport» que o jornal de Manuela Moura Guedes se preparava para divulgar? E quem impede que ela seja divulgada noutro espaço informativo da mesma TVI?
TVI (1). Imaginemos que Belmiro de Azevedo resolvia dizer que o Público deixaria de se publicar a partir do final da semana, ou afastar o actual director. Sendo o Público considerado hostil ao Governo e José Manuel Fernandes um opositor declarado de José Sócrates, estaríamos perante um atentado à liberdade de expressão?
PORTUGUESES E PORTUGUESES. Então os estrangeiros naturalizados portugueses são, «para todos os efeitos, portugueses», e «para efeitos futebolísticos» já não são? É impressão minha, ou isto quer mesmo dizer que não há problema com os estrangeiros naturalizados desde que eles não assumam, na prática, essa condição? Marta Rebelo diz que a entrada de estrangeiros naturalizados «é contra o espírito da selecção». Ora, o que é «o espírito da selecção»? Palavra de honra que eu tinha Marta Rebelo por uma mulher inteligente e desempoeirada.
JUDITE DE SOUSA. Li não sei onde que em Portugal se publicam, diariamente, mais de meia centena de livros. Não percebo, por isso, o que levou a RTP, onde os noticiários generalistas raramente concedem espaço aos livros, a passar duas vezes (Telejornal de ontem e Jornal da Tarde de hoje) uma reportagem onde se dá conta do lançamento de um livro de Judite de Sousa.
1 de setembro de 2009
SOARES, O MACHISTA. Quem me lê sabe que discordo de quase tudo o que diz Mário Soares. Tirando o que todos lhe reconhecem e agradecem (Soares evitou que Portugal passasse de uma ditadura para outra), não tenho, portanto, razões para o defender, nem ele precisa. Mas parece-me um exagero (para não dizer maldade) dizer-se que Mário Soares foi machista quando zurziu em Manuela Ferreira Leite a propósito da entrevista que Manuela concedeu à RTP. Dizer que a líder do PSD foi «de uma banalidade que (...) roçou o patético», ou que falou de Sócrates com «um olhar de mazinha ao canto do olho», são comentários machistas? Não vi a entrevista de modo a que possa ajuizar o que lá se passou, mas li, e acabo de reler, o texto que Mário Soares publicou no DN que originou tal leitura, e não vejo lá nada que possa designar-se machismo. Certamente que os argumentos de Soares contra Manuela são facilmente rebatíveis, mas atacá-lo por uma razão que não se vislumbra é dar-lhe a razão que talvez não tenha.
O FUTURO DO LIVRO. Percebo o receio sobre o futuro do livro em papel, mas começo a cansar-me dos argumentos contra os meios electrónicos, alegadamente porque os meios electrónicos ameaçam a existência do livro em papel. (O restante pode ser lido na minha página pessoal.)
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