7 de janeiro de 2010
LOIRAS COM ATITUDE. Como se lembrará quem leu Montalbán, Pepe Carvalho tinha a mania de queimar livros. Não me ocorre que livros, mas eram livros que mereciam tudo menos a fogueira. Ocorreu-me este episódio enquanto lia a entrevista de Margarida Rebelo Pinto, a «escritora» de best sellers (Alexandre O'Neill chamou-lhes bestas céleres) que se define como uma «loira com atitude», e que tem em tão alta consideração o que escreve que chega a plagiar-se a si mesma. Disse ela na entrevista ao i: João Pedro George não tem autoridade para fazer crítica literária. E porquê? Porque, imaginem, não é formado em letras. Recorde-se que João Pedro George demonstrou, com exemplos, que a criatura se plagiou a si mesma, e mostrou, também por A+B, que a «obra» da criatura é uma belíssima trampa. Plágio que a «escritora» voltou a negar, como já tinha negado na entrevista a Carlos Vaz Marques para a Ler (e que por essa mesma razão ia acabando mal, como se pode ver aqui), como se fosse possível negar uma evidência tão facilmente demonstrável. Provavelmente os livros de Margarida escapariam à fogueira de Pepe Carvalho, porque Pepe Carvalho não queimava qualquer um. Também não simpatizo com livros na fogueira, que me fazem lembrar práticas que abomino. Mas que há livros que não lhes reconheço outra utilidade, lá isso há.