4 de fevereiro de 2010

FEMINISTAS. De facto, o silêncio das feministas diante a obrigatoriedade das muçulmanas usarem burqa ou nikab, mesmo em países cujos regimes não os exigem (os europeus, por exemplo), é incompreensível. Isto, claro, em teoria, que a prática nos foi habituando a ver as coisas doutra maneira. As feministas sempre se distinguiram por uma particularidade: a opressão sobre as mulheres varia consoante quem as oprime, e para as feministas há opressores que merecem benevolência. Que o macho lusitano bata na fêmea porque a tradição não se muda por decreto, é inadmissível, e eu concordo. Mas que os regimes muçulmanos imponham às suas mulheres práticas destas ou ainda piores, fazendo delas meras escravas sem quaisquer direitos, não incomoda as feministas — e se alguém faz algum reparo logo vêm lembrar que é a cultura deles, que é preciso respeitar, mesmo que a opressão ocorra numa comunidade residente num país que abomine (e proíba) tais práticas. E quem não concordar com as feministas sofre, evidentemente, de islamofobia, um atestado que hoje se passa por tudo e por nada e que tudo reduz e simplifica, e que mais não é do que uma forma de varrer para debaixo do tapete um assunto que, desconfio, as incomoda, apesar de aparentarem o contrário.