15 de março de 2010
TIRO NO PORTA-AVIÕES. A gente passa um fim-de-semana longe das notícias e mal chega a elas depara com isto: o PSD anuncia sanções aos militantes que discordarem de quem lá manda. Lidos os pormenores, confirma-se: o congresso social-democrata resolveu punir os militantes que discordarem da direcção do partido nos dois meses anteriores a actos eleitorais com penas que poderão ir até à expulsão, e Manuela Ferreira Leite não só aplaudiu como avisou que as regras são para cumprir. Bem sei que os candidatos à liderança do PSD e outras figuras sociais-democratas discordaram da decisão, mas isso serve de pouco. O mal está feito e amplamente anunciado, e a oposição já facturou o que havia a facturar. O partido que passou os últimos meses a acusar o Governo de asfixia democrática deixa, portanto, de ter autoridade para se pronunciar sobre esta matéria. Aliás, a direcção do PSD já tinha demonstrado tiques autoritários quando escolheu candidatos a deputados a contas com a justiça mas fiéis a quem mandava e excluiu outros pelo crime de discordarem da liderança. Como se fosse preciso, o PSD demonstrou, de novo, que não é alternativa a Sócrates e ao PS, como as recentes sondagens bem o demonstram. Entre dois males, os portugueses preferem os maus aos piores.