18 de fevereiro de 2011
ESTOU A LER. «Entre La Provence e a Penn Station havia esse caminho mágico, a Ferry Street ou a Avenida de Portugal. Não sei se era verdadeiramente a Avenida de Portugal, mas era seguramente a rua onde muitos portugueses tinham os seus negócios e onde mais se mercava. Abundavam ali criaturas mitológicas, descidas das serras do Marão ou da Estrela, de suas faldas, vales e encostas, largadas de póvoas e gândaras costeiras ao mar oceano como Aveiro, Ílhavo, Murtosa e outras baixadas em torno da ria. Coabitavam com peruanos, equatorianos, colombianos, porto-riquenhos, cubanos exilados, imigrados e aqui nascidos, e uma prole de brasileiros e brasileiras aptos para todo o serviço. Cruzavam-se línguas e sonoridades, cruzavam-se corpos e nações, cruzavam-se bazófias e «vanidades» que os mais velhos diziam ser sezões e desvios de tino por causa das modernices.» O Trompete de Miles Davis, de Francisco Duarte Azevedo, nas livrarias a partir de Março.