23 de junho de 2011
OUTRA VEZ A CORRUPÇÃO. Trinta por cento dos 230 deputados da anterior legislatura «são administradores ou gestores de empresas que têm directamente negócios com o Estado», diz Paulo Morais. Diz mais o vice-presidente da Câmara do Porto: o parlamento português mais parece «um verdadeiro escritório de representações» das construtoras e dos laboratórios médicos. E ainda mais: «O centro de corrupção em Portugal tem sido a Assembleia da República», onde os deputados criaram uma «legislação perfeitamente imperceptível», com «muitas regras para ninguém perceber nada, muitas excepções para beneficiar os amigos e um ilimitado poder discricionário a quem aplica a lei». Pior: «A legislação vem dos grandes escritórios de advogados, principalmente de Lisboa, que também ganham dinheiro com os pareceres que lhes pedem para interpretar essas mesmas leis e ainda ganham a vender às empresas os alçapões que deixaram na lei.» Paulo Morais disse mais, muito mais, e não foi a primeira vez que o disse. Só que nada do que diz tem contribuído para mudar o que quer que seja, apesar do impacto mediático que as suas declarações geralmente provocam. Que eu saiba, os deputados agora eleitos não se distinguem dos seus antecessores nas matérias que refere, até porque grande parte deles vem de anteriores legislaturas. Se não ficámos pior, o parlamento agora eleito deixou tudo na mesma, e não se vislumbra vontade de mudar o que quer que seja.