27 de outubro de 2011
OS TANSOS DO COSTUME. Definitivamente que a Igreja Católica não tem emenda. Ansiosa por apoucar o mais recente livro de Rodrigues dos Santos, precipitou-se e acabou por fazer precisamente o contrário do que pretendia: promover aquilo que, na sua opinião, é uma obra medíocre, aguçando o apetite a quem não daria pelo livro caso não fosse a polémica. Verdade que o autor e seus promotores fizeram os possíveis para provocar a ira da igreja, mas julguei que até por esse motivo a igreja não cairia na esparrela. Como é evidente, enganei-me. A Igreja Católica voltou a cair na armadilha, e caiu no ridículo. O Último Segredo «não é verdadeira literatura»? «É uma imitação requentada, superficial e maçuda»? Não li, mas não me surpreenderia. Tal como não me surpreende quando a Igreja Católica acusa Rodrigues dos Santos de «intolerância desabrida» por alegadamente o romancista ter questionado a «fiabilidade das verdades de Fé em que os católicos acreditam», outra burrice. Obviamente que a polémica tem um beneficiário: Rodrigues dos Santos, que assim alcança, com o seu mais recente romance, um impacto que dificilmente teria se o motivo fosse estritamente literário. E claramente um prejudicado: a Igreja Católica, que mais uma vez demonstrou não saber lidar com quem lhe questiona os dogmas, mesmo numa obra de ficção, acabando a promover o que detesta e a dar mais um tiro no pé.