6 de fevereiro de 2012

APLAUSOS. Vasco Graça Moura mandou, e bem, remover a aplicação informática que no Centro Cultural de Belém convertia os textos em português para a grafia imposta pelo novo Acordo Ortográfico. Graça Moura foi dos primeiros a contestar o Acordo, quem mais deu a cara e argumentos contra a sua entrada em vigor, e apesar de ter sido aprovado pela Assembleia da República jamais desistiu de o contestar. Mais: defende que o Acordo não pode entrar em vigor sem a ratificação de Angola e Moçambique, e que é inconstitucional. Não se perceberia, portanto, que aceitasse presidir a uma instituição onde a língua portuguesa não seja tratada segundo os princípios que defende e pelos quais se tem batido. Parece que o estatuto do CCB, fundação pública de direito privado, dispensará a instituição de adoptar o Acordo até 2014, pelo que não terá havido desobediência governamental, como chegou a ser dito. Assim sendo, é uma decisão que se aplaude. Graça Moura foi coerente com o que defende, corajoso num país onde a coragem não abunda, e espevitou o debate à volta de um tema sobre o qual existem cada vez mais dúvidas. Três coelhos de uma só cajadada não é obra para qualquer um.