6 de julho de 2012
O POVO CHEIRA MAL. O povo é inteligente e tudo o mais lisonjeiro que possam imaginar quando os políticos pretendem que ele ponha a cruzinha no sítio que os leve a mandar nele. Feito isso, o povo passa a estorvar, a incomodar, cheira a suor, e quando trata de exigir o que lhe prometeram torna-se insuportável. Que o diga o primeiro-ministro. Avisado de que um grupo de manifestantes o aguardava à porta de uma empresa que tencionava visitar, Passos Coelho resolveu trocar-lhes as voltas e entrar por uma porta alternativa. O povo que o aguardava foi mobilizado pelos sindicatos? Mais que provavelmente. Mas em que é que isso retira ao povo o motivo — e a legitimidade — para se manifestar, e justifica a esperteza saloia do primeiro-ministro?