30 de novembro de 2012
A DEMOCRACIA QUE TEMOS. Ouvi não sei quem dizer que o líder de um partido político é eleito por vinte e tal mil votos, e julgo ter-se referido aos dois maiores partidos. Como é sabido, cabe aos líderes dos partidos escolher quem será candidato a deputado, e também não é segredo que o processo implica escolher quem lhes convém e rejeitar quem não lhes convém, não por razões de mérito ou falta dele, mas por lhes serem fiéis, ou não. Temos, assim, que a chamada «casa da democracia» é escolhida por meia dúzia de pessoas, que votará de acordo com a vontade dos chefes. Quem ouse votar contra eles, ou exprimir opinião diferente da deles, tem o futuro traçado: não será candidato a deputado na próxima legislatura. Somando este a outros poderes, confirma-se que Portugal é dirigido por dois ou três cavalheiros, eleitos por zero vírgula poucos por cento dos cidadãos. Repito: zero vírgula poucos por cento dos cidadãos. Os regimes democráticos não são perfeitos? É sabido que não. Mas tanta imperfeição, que a generalidade dos políticos não contesta nem mostra interesse em corrigir, ainda vai acabar mal.