1 de março de 2013
MOURINHO. Além das qualidades que se lhe reconhecem, Mourinho é um maná para o jornalismo, e não só desportivo. Não há dia em que não seja notícia, pelas melhores e piores razões. Geralmente dão conta de polémicas, reais ou inventadas, públicas ou privadas, que os media apreciam polémicas, e os adversários aproveitam para daí tirar partido. Verdade que Mourinho se excede com frequência, às vezes sem motivo aparente. Mas começo a dar-lhe razão quando ele disse, não me lembro onde nem a que propósito, que a humildade era um defeito (foi assim mesmo que a definiu) que ele, felizmente, não tinha. De facto, a humildade na actividade que desenvolve só atrapalha, e fosse ele humilde e não teria o currículo que se lhe conhece. Agora é o Real, ontem foi o Inter, anteontem o Chelsea, amanhã outro qualquer — mas tudo indica que nada fará diminuir o interesse dos media por tão rentável filão. Nada de novo ao fim de três dias? Inventa-se. Vai para o PSG ou Manchester por incontáveis milhões, regressa a Milão onde será recebido de braços abertos, embolsará uma indemnização astronómica e depois irá caçar gambozinos. Como é evidente, qualquer uma destas «notícias» é verosímil, mesmo completamente inventada. Mourinho queixou-se, há pouco, de ser um desastre a lidar com os media, deixando implícito na queixa que o aparente defeito lhe sai caro. Sinceramente, duvido. Como o próprio já disse variadíssimas vezes, o confronto com o próximo adversário começa na conferência de imprensa imediatamente antes do jogo, embora a mim me pareça que comece antes. Mourinho conhece como ninguém o mundo em que se move, incluindo o mundo dos media, o que lhe permite tirar vantagem das virtudes e defeitos, e consequentemente levar a água ao seu moinho. Se por vezes as coisas não lhe correm como deseja, globalmente não me parece que tenha grandes razões de queixa. Antes pelo contrário.