26 de fevereiro de 2013
FALHANÇOS E ALDRABICES. Percebe-se que os falhanços aconteçam, que o diagnóstico e a receita não encaixem com os resultados, mesmo depois de nos terem vendido como inevitáveis e infalíveis. Mas o que se percebe cada vez menos é que os governantes não assumam as falhas, e não expliquem aos portugueses por que não ocorreu o milagre que lhes prometeram. Os governantes anunciam diariamente medidas de austeridade que significam o falhanço das anteriores — mas nada justificam, nada argumentam, nada dizem. Julgam não ter obrigação de explicar nada a ninguém, e quando condescendem a explicar deliberadamente confundem (nos melhores casos), ou aldrabam. Não me revejo no modo como os protestos têm vindo a ocorrer, sei muito bem de onde vêm e o que pretendem, e duvido da sua eficácia. Mas não há dúvida de que os governantes, e políticos em geral, precisam de ser confrontados com a realidade, e a realidade tem forçosamente que passar por não mentir a quem os elegeu. Os portugueses estão fartos de malabarismos, de quem lhes mente sistematicamente. Que a cantoria com que estão a ser recebidos um pouco por todo o lado lhes sirva, ao menos, de aviso para o que pode vir a seguir.