12 de abril de 2013

NAS ESTRELAS. Conheço mal a literatura contemporânea portuguesa, nomeadamente os escritores mais novos. Mas a fiar-me no ror de estrelas que os críticos lhes dão e nas recensões entusiastas em tudo o que é imprensa dita de referência, parece que temos uma literatura contemporânea pujantíssima e de excepcional qualidade. Infelizmente, a escassa que conheço parece-me vulgaríssima, nalguns casos medíocre. Como já vi quem a pusesse no panteão, desconfio que a restante não seja melhor. Acho bem que as editoras apostem nos novos, na idade ou nunca publicados, que só assim chegarão aos leitores — quem, em última análise, avaliará as suas qualidades. Mas daí até os novos serem excepcionais, como se repete a toda a hora, vai um abismo. Tirando a indústria e um ou outro escritor, todos perdem com os exageros. Perdem os escritores, porque se convencem que são bons e não são. Perdem os leitores, que são levados ao engano. Perde a própria indústria, que na ânsia de tudo vender deliberadamente confunde o bom com o mau e a prazo acaba a perder mais do que a ganhar. Perde, evidentemente, a literatura. Razão tem quem ainda há pouco dizia não ler um livro com menos de 20 anos. Vendo bem, são tantos os que se publicam que se torna cada vez mais difícil escolher, e escolher implica rejeitar. Se nalguns casos duas décadas será muito, globalmente parece-me um excelente princípio.