9 de abril de 2013
CHEFS & COZINHEIROS. Vivemos um tempo em que deixou de haver cozinheiros. Agora todos são chefs (assim mesmo, em francês, não vá confundirem-se com um qualquer chefe de uma oficina de motorizadas). Qualquer sujeito que saiba grelhar um robalo ou confeccionar um gaspacho é logo elevado a génio da gastronomia, e se for praticante da cozinha dita molecular então é preciso banda de música e tapete vermelho. Sim, considero que temos chefs a mais e cozinheiros a menos. Nada contra, mas custa-me ver certos hábitos trocados por outros sem que se perceba porquê. Custa-me ver, por exemplo, que dantes eram os cozinheiros que das cozinhas vinham cumprimentar os comensais, e que agora sejam os comensais que, reverentes, vão às cozinhas cumprimentar os chefs — no caso, evidentemente, de os chefs condescenderem a recebê-los. Provavelmente é uma moda, que vem e vai como todas as outras. Mas é uma moda que me custa quase tanto engolir como algumas das suas criações, que geralmente me deixam a suspirar por uns joaquinzinhos ou um caldinho de cebola, que nesta altura do ano aconchegam o corpo e a alma e até eu, zero em culinária, sou capaz de confeccionar.