3 de maio de 2013

ARTE CONCEPTUAL. De um modo geral, não simpatizo com a arte dita conceptual, que as enciclopédias definem como a arte em que a ideia é mais importante que a obra. Quando muito reconheço-lhe utilidade (alertar para situações para as quais é importante alertar que doutro modo passariam despercebidas, por exemplo), e pouco mais. Tirando isso, o escasso mérito da dita é valorizar, por contraste, o que é bom. Estou, aliás, convencido de que a arte conceptual afasta mais gente da arte em geral que aproxima, alguns de forma irremediável. Serve, igualmente, para alguns desculparem (nalguns casos legitimarem) a ignorância ou desinteresse pela arte, aproveitando o que geralmente é um embuste para desvalorizar tudo o que não «entendem» e/ou não lhes interessa — para não falar dos artistas (com aspas ou seu aspas) conceptuais, cujo talento se resume a ter ideias (por vezes boas), à capacidade de chocar, e à autopromoção. Tirando excepções, a arte conceptual é um embuste destinado a impressionar os pategos, e a avaliar pela quantidade deles que se persignam à sua passagem é muito eficaz. Não sei se é o caso de Joana Vasconcelos, de que agora tanto se fala, cuja obra (com aspas ou sem aspas) conheço mal. Mas parece-me bem que se questione o que faz. Bem sei que a arte conceptual por vezes se situa entre a genialidade e o bluff, pelo que não é fácil distinguir uma coisa da outra. E sei, também, que a arte digna desse nome não é para todos, e não me venham com histórias da carochinha. Mas nada disso muda o essencial. E o essencial é que andam por aí demasiados gatos a ser vendidos por lebres, alguns com o beneplácito de sumidades (com aspas ou seu aspas) de vária ordem, que nos afiançam ser do melhor. Convém, por isso, questionar o que se faz, avaliar antes de consumir, degustar antes de engolir. Até para valorizar o que é realmente bom.