26 de julho de 2013

RECAUCHUTAGEM GOVERNAMENTAL. A recauchutagem governamental resultou na entrada de dois novos ministros que já estavam debaixo de fogo ainda antes de o serem. A nova ministra das Finanças é suspeita de não ter feito o que devia e mentir ao Parlamento, e o novo ministro dos Negócios Estrangeiros omitiu na biografia enviada ao primeiro-ministro e à comunicação social a circunstância de ter sido, durante anos, presidente do conselho superior da entidade proprietária do banco que lesou os contribuintes em vários milhares de milhões de euros (esse mesmo, o BPN). Alega Maria Luís Albuquerque que desconhecia os chamados swaps e jamais ter mentido no Parlamento, apesar das notícias dizerem o contrário. Alega Rui Machete que a omissão no currículo só foi notícia porque vivemos num clima de «podridão dos hábitos políticos», para o qual naturalmente considera não ter contribuído. Chegados a este ponto, os senhores ministros podem continuar a alegar o que muito bem entenderem que as suspeitas que recaem sobre eles continuarão, e convém não esquecer que as suspeitas assentam em factos. Repito, por isso, o que aqui já mencionei: não basta à mulher de César ser séria. As suspeitas que recaem sobre um e outro bastariam para não serem nomeados, e se já o tivessem sido para se demitirem. É isto o que sucede nos países em que os governantes respeitam os seus cidadãos.