14 de agosto de 2013

DESPEJAR O LIXO NO QUINTAL DO VIZINHO. «Se se confirmar que houve realmente uma alteração de um documento que tinha como objectivo manipular a comunicação social para por sua vez influenciar a opinião pública», disse o ministro Poiares Maduro, estamos diante «um acto gravíssimo». Não conheço o já célebre documento, sobre o qual o Governo se mostrou especialmente zeloso em ver esclarecido mal soube ter origem no executivo anterior. Mas o pressuposto de que a manipulação da comunicação social é «um atentado a aspectos fundamentais do funcionamento de uma democracia», além de «um acto gravíssimo», só mesmo para gozar connosco. As mentiras sobre os swaps e as omissões no currículo de alguns governantes destinaram-se a quê? Não terão sido, também elas, tentativas de manipular a mesmíssima comunicação social, e através dela a opinião pública? Como mais uma vez se demonstra, o desespero é mau conselheiro. Depois de Marco António ter perguntado por que razão o Governo Sócrates não denunciou ao Ministério Público e ao Banco de Portugal a tentativa de lhe venderem swaps como se houvesse alguma ilegalidade a denunciar, Poiares Maduro desesperadamente procura sacudir para terceiros as trapalhadas em que o Governo desastradamente se meteu, e para as quais não se vê fim à vista.