4 de setembro de 2013
MAIS IMPROVISOS, MENOS TELEPONTOS. O João Miguel Tavares (JMT) começa assim mais uma excelente crónica no Público de ontem: «Eu aconselhava piedosamente o primeiro-ministro a fixar a frase "nunca mais vou voltar a falar de improviso sobre assuntos importantes", e de seguida a repeti-la 100 vezes em voz alta, de preferência na companhia de todos os assessores. Assim, da próxima vez que tivesse a tentação de subir a um palanque sem papéis nem teleponto, alguém o poderia amordaçar por caridade, para evitar que proferisse as bajoujices do último fim-de-semana.» Pois eu defendo precisamente o contrário, pelas razões que o próprio JMT enumerou. O improviso e a falta de teleponto têm a virtude de nos mostrar o que os governantes têm dentro, a sua verdadeira pele, a massa de que são feitos. Pela sucessão de disparates que aponta ao primeiro-ministro, cada um pior que o outro, evidentemente que o rei vai nu. E isso, não sendo motivo de festejos, é bom que se saiba.