17 de junho de 2014
ODIAR A FIFA PARA ESCONDER O RESTO. A FIFA tem todos os defeitos que lhe apontam, e provavelmente alguns mais que não sabemos. Mas daí até dizer-se que as regras que impôs ao Brasil para organizar o Mundial em curso «consagra zonas de não aplicação da lei nacional em anéis de dois quilómetros em volta dos estádios, onde vigora um rigoroso monopólio (...) dos patrocinadores oficiais», que «beneficiarão de isenção total de impostos», como escreveu José Manuel Pureza, e responsabilizar a FIFA por estas barbaridades, vai um abismo. Que se saiba, o governo brasileiro candidatou-se a organizar o evento, e para o conseguir teve de preencher determinados requisitos e de se comprometer com determinado caderno de encargos. Se há regras impostas pela FIFA que são autênticas barbaridades (não duvido que haja), seguramente que a culpa não é do organismo que superintende o futebol mundial, por mais ódio que se lhe tenha. Como é óbvio, a culpa é do governo que se candidatou à organização do Mundial, e do Governo actualmente em funções — que podia, em última instância, desistir de organizá-lo. Chamando os bois pelos nomes, a culpa foi de Lula da Silva, e depois de Dilma Rousseff. Porque foram eles, e só eles, que aceitaram as condições de que meio mundo agora se queixa, especialmente os que tentam, por omissão, branquear as decisões dos que são, afinal, os primeiros responsáveis.