E QUEM É QUE O IMPEDE? Marinho e Pinto publicou, no Correio da Manhã, um texto comovente. Eis um extracto:
«Eu gostava de poder discutir com um defensor da jihad, em ambiente de plena liberdade para ambos, as motivações políticas ou ideológicas da violência armada contra cidadãos indefesos e inocentes e tentar demonstrar-lhe o erro dessas opções. Em vez de o silenciar com iradas excomunhões, eu gostaria de poder ouvir tudo o que ele tivesse a dizer na defesa da sua doutrina de violência para depois eu o rebater com os meus argumentos de respeito pela dignidade da pessoa humana. No dia em que isso acontecesse, haveríamos, ao menos, de estar de acordo na escolha das armas para esse confronto: as palavras, as ideias e os argumentos em vez das bombas e das metralhadoras.»
Lido isto, não sei se hei-de rir, se hei-de chorar. É que Marinho e Pinto ou anda muito distraído, ou é de uma ingenuidade inacreditável. Desde quando os jihadistas estão interessados em discutir ideias com quem não pensa como eles? E quem não conhece as suas motivações políticas e/ou ideológicas para a violência contra cidadãos indefesos e/ou inocentes? Tirando Marinho e Pinto, não estou a ver quem. Percebo que o tenham feito eurodeputado, provavelmente mais por demérito alheio que por mérito próprio. Afinal, o eleitorado está farto de políticos, digamos, convencionais, e terá visto nele alguém fora do sistema, uma mais-valia. Como se viu, escassas semanas bastaram para ficar demonstrado que foi pior a emenda que o soneto. Espanta-me, por isso, que ainda há quem insista em ver nele o que ele manifestamente não é.