23 de janeiro de 2015
EBOOKS, CAPÍTULO ENÉSINO. Gosto da capa e da contracapa, da badana e do papel, do tamanho e da forma dos caracteres, do cheiro e de os ver nas estantes — mas do que eu gosto mesmo é do que «está lá dentro». É por isso que leio eBooks há anos, é por isso que há anos escrevo sobre as vantagens — e desvantagens — dos eBooks, cuja aquisição me pareceu, desde sempre, valer a pena avaliar sem preconceitos. Não pretendo usar o meu caso para generalizar, mas a verdade é que nunca, como hoje, comprei tantos livros, apesar da oferta de eBooks ser cada vez mais diversificada (e tentadora). E também é verdade que primeiro trato de saber se existe em eBook o que pretendo comprar, que já não tenho espaço nas estantes — e o pouco que vou conquistando a outras arrumações vem sendo ocupado por livros comprados, sobretudo, nos alfarrabistas, onde estou sempre a tropeçar em preciosidades a que não resisto. E agora, se me dão licença, vou-me à História da Literatura Ocidental, de Otto Maria Carpeaux (a ideia é impressionar os leitores), cuja leitura, lá está, dificilmente faria caso não fosse o eBook. Afinal, são quatro respeitosos volumes, para cima de 2800 páginas. Estão a ver-me com um só volume debaixo do braço sempre que tenho oportunidade de o ler por aí? E, já agora, por que não reeditar também em eBook as obras completas do Padre António Vieira? Devido à falta de espaço, provavelmente nunca as verei nas estantes. Se fosse em eBook, num só volume ou em vários, venha ele que eu compro. E quem diz Vieira (30 volumes, agora editados pelo Círculo de Leitores) diz outros clássicos, a começar pelos portugueses (Eça, Camilo, Pessoa, Cardoso Pires) ou lusófonos (Machado, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre).