3 de fevereiro de 2015
REVISÃO DA MATÉRIA DADA. Mais de um terço dos 2490 docentes do ensino público em regime de contrato temporário com o Estado que em Dezembro último se submeteram à Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidade (PACC) chumbaram, 290 pela segunda vez. Segundo o ministro da Educação, houve professores que deram vinte e mais erros de ortografia numa só frase, coisa, na sua opinião, que «não faz sentido nenhum». Os resultados revelaram ainda que quase 20% das provas registaram cinco ou mais erros de ortografia, e que foram incontáveis os erros de pontuação, nalguns casos em situações impensáveis. É bom lembrar que o objectivo da prova de avaliação é escolher os melhores professores para as escolas públicas. Uma vez que há mais candidatos que lugares a preencher, não será justo escolher os melhores? Com certeza que escolher implica excluir, neste caso os que chumbaram. Alegam os professores e quem os representa que não precisam de avaliação, que as escolas que os formaram já o fizeram. E que a prova não serve para aferir se os candidatos são, ou não, bons professores. Discordo totalmente do primeiro motivo (a realidade acaba de demonstrar que há quem não cumpra os mínimos para ensinar), e se do segundo é previsível que a prova não seja perfeita, já vimos que todas as provas têm, para os professores, defeitos irremediáveis, e que nenhuma serve para os avaliar. Devemos, por isso, ignorar os resultados que ela revelou? De maneira nenhuma. É pura demagogia (para não dizer má-fé) dizer-se, como disse a deputada Rita Rato, que o objectivo da PACC é «achincalhar os professores contratados». A prova pretende escolher os melhores e excluir os piores, e como método não conheço melhor. Tem defeitos? Imagino que tem. Não chega, por si só, para avaliar a competência dos professores? Imagino que não. Mas começa a ser insustentável a ideia de que os professores não podem ser avaliados porque já foram avaliados por quem os formou. Como é evidente, podem, e devem. Como, aliás, a última prova bem demonstrou, e os factos têm sempre razão.