PARA PERCEBER MELHOR AS ESQUERDAS PORTUGUESAS.
Isto é tudo muito simples. A ex-deputada do Bloco de Esquerda (BE) Joana Amaral Dias saiu do movimento Juntos Podemos (JP) para fundar o grupo Agir (A). Recorde-se que o JP era uma "plataforma de cidadãos" fechada a partidos que num ápice se transformou em partido, sobretudo por intervenção do Movimento Alternativa Socialista (MAS), que dantes dava pelo nome de Ruptura/FER (R/FER) e integrava dissidentes do BE que ainda andavam pelo BE. Para início de conversa, se não se desintegrar antes, o A vai promover daqui a 15 dias uma conferência internacional em Lisboa, a qual curiosamente contará com a presença de membros do Tempo de Avançar (TA), outra candidatura cidadã que integra cidadãos dos partidos e movimentos antipáticos Livre (PL), MIC--Porto (MIC-P), Renovação Comunista (RC) e Fórum Manifesto (FM).
Não tem nada que saber. O PL é, sucintamente, aquele antigo eurodeputado do BE que se zangou com Francisco Louçã e, por honradez, abandonou o partido mas não o emprego. O MIC-P deriva regional e obviamente do Movimento Intervenção e Cidadania (MIC), que por sua vez resulta da candidatura presidencial de Manuel Alegre, aquela que em tempos se demarcou da formação da organização Nova Esquerda (NE), que ninguém sabe onde pára. Quanto à RC, trata-se dos dissidentes do PCP que apoiaram o PS nas "europeias". E o FM surgiu da corrente Política XXI (PXXI) que esteve na formação do BE, pelo que não deve ser confundido com o Movimento 3D (M3D), que também saiu do BE para se reunir com todas as siglas acima e falir de seguida. Pelo meio, ou por outro lado qualquer, também há o Movimento Esquerda Alternativa (MEA - antes Rupturavizela) e o MAS (antes R/FER), que podem ser ou não a mesma quadrilha. O importante é que as coisas sejam assim claras. E que a esquerda esteja unida.
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias