21 de novembro de 2015
PARA QUE NADA FIQUE COMO DANTES. Não sei se o Presidente Hollande agiu bem quando decidiu reforçar a ofensiva militar contra o Estado Islâmico logo a seguir aos massacres de Paris, embora me tenha parecido uma reacção a quente — e as reacções a quente não costumam dar bons resultados. Mas como ainda não vi quem se opusesse ao reforço da ofensiva militar contra quem, pelo menos numa fase inicial, tem que ser contido pela via das armas, alguma coisa mudou. Claro que o facto de Hollande ser de esquerda facilita, e muito. Fosse ele de direita, e já meio mundo lhe tinha caído em cima. (Recordo que sou independente, mas em matéria de defesa geralmente alinho à direita.) Os governos ocidentais parecem acordar de um pesadelo que cresce de dia para dia, que não se vê como possa conter-se com paninhos quentes — como, por acção, mas sobretudo omissão, se tentou até agora. Governos ocidentais de direita e de esquerda, o que é uma novidade — e, na minha opinião, um progresso. Como escrevi por ocasião do 11 de Setembro de 2001, estamos diante um cenário em que é preciso matar para não morrer. Sim, não há que ter medo das palavras: matar, ou morrer. É tempo de parar de fingir que se não vê o que todos vêem. De desvalorizar o que é demasiado sério para se desvalorizar, de relativizar o que não é relativo, de justificar o injustificável. De adoptar medidas que melhor protejam os cidadãos, pagando os custos (prescindindo de algumas liberdades individuais, por exemplo) que elas terão. A matança indiscriminada de inocentes em nome de uma ideia de Deus não merece contemplações. É tempo, por isso, de agir. De forma determinada, e com eficácia. De disparar primeiro e perguntar depois se preciso for.