29 de fevereiro de 2016
MISTURAR ALHOS COM BUGALHOS (1). Luís Miguel Viana comparou os protestos dos católicos contra um cartaz do Bloco de Esquerda aos protestos dos radicais islâmicos sempre que estes vêem ofendida a sua religião. «Ou bem que se pode brincar com a religião e com os seus protagonistas - sejam eles do islão, católicos ou outros - ou, então, não há qualquer legitimidade para andar a distinguir entre "radicais islâmicos" e "os sentimentos religiosos do povo português"», escreveu no DN. E pergunta o consultor de comunicação: «(...) se um jornal deve poder publicar um desenho do profeta Maomé em pose de sodomização, e se um artista deve poder publicar um Manifesto Anti-Dantas, porque é que um cartaz político não há de poder ofender sentimentos religiosos?» Como é evidente, o problema não está em brincar, irritar, provocar, ofender, o que seja. O problema está na forma como se exprime quem não gosta. Os radicais islâmicos reagem matando, os católicos protestando nos media. É, convenhamos, uma diferença e tanto. Comparar a indignação de uns com a indignação de outros, no caso radicais islâmicos e católicos, é muito mais que ignorância ou má-fé: é desonestidade intelectual.