19 de fevereiro de 2016
REMÉDIOS QUE MATAM. A seguir com muita atenção o braço de ferro entre as polícias federais americanas e a Apple. As primeiras conseguiram que uma juíza obrigasse a Apple a criar um sistema operativo específico que lhe permita aceder ao telemóvel de um terrorista. A segunda respondeu que não irá acatar a decisão, alegando que, a fazê-lo, abrirá um precedente gravíssimo e de consequências terríveis (a Apple teria que criar uma espécie de chave mestra capaz de «abrir as portas» a toda a espécie de malfeitorias). Conscientes, ou não, das consequências que tal exigência traria, para resolverem um caso específico as autoridades americanas criariam, assim, um gigantesco problema de segurança à escala global, um autêntico monstro. Sim, é disso que se trata caso a Apple ceda ao que lhe exigem — o que, até ver, não irá acontecer. Até que haja sinais em contrário, não estou seguro que o senso comum acabe por prevalecer. As polícias, mesmo as mais bem preparadas, continuam, nesta matéria, perigosamente obsoletas, como tem sido amplamente demonstrado — e desconfio que os tribunais não estarão melhor. Ou então, como dirão os entusiastas das teorias da conspiração (de que não sou adepto), estarão de má-fé, coisa que honestamente não creio.