GRANDES COMEÇOS. Li, há coisa de dois anos, O Púcaro Búlgaro, do brasileiro Campos de Carvalho, a que cheguei graças a uma muito elogiosa referência de Cardoso Pires não me lembro em que livro. Descubro agora, na revista Bula, este magnífico começo de A Lua Vem da Ásia, que já tratei de adquirir. Ora leiam:
«Aos 16 anos matei meu professor de lógica. Invocando a legítima defesa — e qual defesa seria mais legítima? — logrei ser absolvido por cinco votos a dois, e fui morar sob uma ponte do Sena, embora nunca tenha estado em Paris. Deixei crescer a barba em pensamento, comprei um par de óculos para míope, e passava as noites espiando o céu estrelado, um cigarro entre os dedos. Chamava-me então Adilson, mas logo mudei para Heitor, depois Ruy Barbo, depois finalmente Astrogildo, que é como me chamo ainda hoje, quando me chamo.»