15 de setembro de 2016
AS MELHORAS. Fernando Lima, então assessor do ex-Presidente Cavaco, passou seis anos «no sótão» da Presidência da República «sem qualquer função atribuída» (palavras do próprio). Isto porque «plantou» no Público, a coberto do anonimato e por «indicação superior» (leia-se Cavaco), que o Presidente estaria a ser vigiado pelo Governo Sócrates, o DN descobriu-lhe a careca, e o então Presidente, após uma patética comunicação ao país sobre tão malcheiroso assunto, decidiu retirar-lhe a assessoria de imprensa e mandá-lo literalmente para o sótão (sabia demais para o mandar embora). Ora, este rocambolesco episódio, cuja versão de Lima agora conhecemos (acaba de publicar um livro onde conta a sua versão do que então terá ocorrido), encerra um facto pouco referido: tendo sido afastado do cargo que exercia e remetido para outro mais ou menos inexistente (o próprio Lima admitiu que assim foi), por que se manteve como colaborador de Cavaco por mais seis anos? Dir-me-ão que não ocupava um cargo político para que pudesse demitir-se ou ser demitido. Mas um sujeito que foi muito mais que um mero funcionário, e que não teve problema em viver meio ano à sombra do erário público sem nada que o justificasse, não tem autoridade moral para vir agora armar-se em vítima. Por aquilo que vi citado, o livro agora editado só traz uma novidade, se calhar nem isso: Fernando Lima mantém a mesma coluna vertebral que não teve na altura.